HANDSTAND X ESTABILIDADE
Em muitas formas de pensar treinamento, a estabilidade é o ponto de partida. Grandes nomes da preparação física mundial apontam que o centro do corpo deve estar estável para podermos começar a treinar de forma séria. No treinamento de peso corporal existe ainda um outro consenso: a parada de mãos (handstand) é o exercício estático de maior eficiência quando falamos de estabilidade.
Seria simples falar “utilizem a parada de mãos com seus clientes ou nos seus treinamentos que você irá desenvolver mais força, equilíbrio, estabilidade e flexibilidade”. Mas sem entender o processo de como as coisas funcionam, utilizar esse exercício provavelmente seria tomar o caminho inverso.
Então vamos ao nosso roteiro padrão, onde vamos analisar o que é a estabilidade, qual a sua importância e como a parada de mãos pode melhorar essa capacidade biomotora.
A estabilidade é dividida na literatura científica entre estabilidade mecânica e funcional. Basicamente, trata-se da união do sistema esquelético e do sistema muscular mantendo uma articulação estável contra forças externas.
Quando falamos em estabilidade, pensamos primeiramente no núcleo do corpo, também conhecido como CORE. A ele é atribuído uma série de músculos responsáveis por manter nosso tronco estabilizado e, assim, gerar maior proteção às nossas articulações.
O tronco é o nosso pilar de sustentação, pense nele como um núcleo. A partir dele geramos força para as nossas extremidades (braços e pernas) devido à biotensegridade. O que ocorre é que, quando estamos em desequilíbrio muscular, essa transferência de força diminui.
Então, partimos do pressuposto de que quando estamos com as musculaturas da região abdominal fracas, estamos fracos de uma forma geral. Por isso, o ponto de partida do treinamento é gerar estabilidade, principalmente para a região central do corpo.
Assim, voltamos à parada de mãos. Durante esse exercício, teremos uma necessidade enorme de engajamento das musculaturas centrais do corpo para mantermos nosso tronco estabilizado enquanto estivermos de cabeça para baixo. Isso ocorre devido à necessidade de alinharmos nossa coluna para que ocorra um empilhamento das articulações.
Uma coluna possui suas curvaturas naturais. Um ponto importante de abordar é que essas curvaturas são muitas vezes aumentadas pela má postura, e isso vai provocar um desequilíbrio geral entre estruturas articulares e musculares. Por consequência, isso pode provocar uma cascata de resultados, como possíveis dores na região da coluna, lesões e, como já havíamos falado antes, a diminuição na capacidade de produzir força.
Sendo assim, quando estamos no processo da construção da parada de mãos, precisamos engajar os músculos abdominais e glúteos para fazermos o alinhamento da lombar através da retroversão.
Através desse “encaixe” conseguimos obter a posição chamada de hollow (canoa).
Dessa forma, facilitamos o equilíbrio durante o exercício, um simples detalhe que necessita de um processo técnico para a utilização dos músculos estabilizadores da região central.
Agora chegamos à dica principal desse texto – aqui não iremos falar de ciência, mas sim de vivência e de prática, treinando e dando aulas: tentar realizar esse engajamento em pé já é um processo difícil. De cabeça para baixo, se torna ainda mais desafiador. Por isso utilizamos esse entendimento deitados no solo com o exercício Hollow Position.
Procure realizar essa posição antes e depois dos treinos de parada de mão. Ela vai ajudar a ter um maior entendimento do encaixe do quadril (retroversão) e contração das musculaturas necessárias durante o handstand.
Portanto, pela necessidade de alinharmos a parada de mão, precisamos utilizar musculaturas que geralmente estão fracas (abdômen e glúteo) devido à má postura, muitas vezes ocasionada por tempo sentado em excesso. O fato de precisarmos usar essas musculaturas irá aumentar a estabilidade, uma capacidade que precisamos ter bem desenvolvida para evoluirmos no processo de treinamento. E nunca esqueça: quanto mais forte minha região central do corpo, mais forte serei como um todo.
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